Beatriz de Castela (1242–1303)

 Nota: Para outros significados, veja Beatriz de Castela.

Beatriz de Castela[a] (em castelhano: Beatriz de Castilla; também chamada de Beatriz de Gusmão[1] ou Beatriz Afonso[2] (Saragoça,[1] c. 12427 de agosto de 1300[3]/27 de outubro de 1303[4]) foi infanta de Castela, rainha de Portugal entre 1253 e 1279 e rainha-mãe de 1279 a 1303. Era filha do rei Afonso X o Sábio com Mor Guilhén de Gusmão,[5][6][7] por isso neta materna de Guilhén Peres de Gusmão e de Maria Gonçalves Girão,[8] e meia-irmã do rei Sancho IV.

Beatriz de Castela
Infanta de Castela
A primeira Beatriz de Castela, rainha de Portugal
Beatriz de Castela.
Rainha de Portugal
Reinado 125316 de fevereiro de 1279
Antecessor(a) Matilde II, Condessa de Bolonha
Sucessor(a) Isabel de Aragão
Nascimento c. 1242
  Saragoça, Espanha
Morte 27 de outubro de 1303 (61 anos)
Sepultado em Mosteiro de Alcobaça
Cônjuge Afonso III de Portugal
Descendência Branca, Senhora de Las Huelgas
Dinis I de Portugal
Afonso, Senhor de Portalegre
Sancha de Portugal
Maria de Portugal
Vicente de Portugal
Fernando de Portugal
Casa Borgonha-Castela
Pai Afonso X de Castela
Mãe Mor Guilhén de Gusmão

Biografia

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Em 31 de dezembro de 1244, o rei Afonso X "com a aprovação de seu pai", o rei Fernando III doou a vila de Elche a sua filha Beatriz e a todas as crianças que tivesse com Mor Guilhén de Gusmão no futuro, com o usufruto vitalício para sua mãe.[7][9][1]

Como parte de sua estratégia para chegar a um acordo com o Reino de Portugal sobre a soberania do Algarve, o rei Afonso X deu a sua filha Beatriz em casamento ao rei Afonso III; matrimónio celebrado em 1253.[10] Afonso III era primo direito do avô de Beatriz, Fernando III de Leão e Castela, uma vez que a mãe de Fernando, a infanta Berengária de Castela, era irmã da rainha Urraca de Castela, esposa de Afonso II de Portugal e mãe de Afonso III.

No acordo, Afonso III "cedería temporariamente sou futuro sogro o usofructo do Algarve e dos territórios ao oriente do Guadiana"[5] enquanto que o rei de Castela prometia devolver todos os seus direitos sobre o Algarve ao primeiro filho de Alfonso III e Beatriz quando ele atingisse a idade de sete anos.[10][5][11] Embora a nobreza portuguesa considerasse que o "casamento foi humilhante para o rei de Portugal",[10] Afonso III informou a nobreza que "…se em outro día achasse outra molher que lhe desse tanta terra no regno, para acrescentar, que logo casaria com ela".[12] Afonso III ainda estava casado com Matilde que foi repudiada em 1253 devido a esta não lhe poder dar um herdeiro para o trono português. Em 1255, Matilde acusou o marido de bigamia ao papa Alexandre IV[12] e em 1258 este condenou Afonso III por adultério e exigiu que ele devolvesse o dote da condessa Matilde. Porém, esta morreu no mesmo ano e as ameaças do Papa foram suspensas.[12][13] O papa Alexandre IV morreu em 1261 e seu sucessor, o papa Urbano IV, em 19 junho de 1263, pela bula pontifícia Qui celestia, legitimou o matrimónio e os três filhos já nascidos.[13] Desde maio de 1253, Beatriz aparece nos documentos régios como a esposa e rainha de Portugal, mas o matrimónio só terá ocorrido em maio de 1258 em Chaves.[14]

O rei Afonso III, doou a Beatriz as vilas de Torres Vedras, Torres Novas, e Alenquer, e posteriormente o respectivo padroado.[15] Com a morte de sua mãe, o mais tardar em 1267, Beatriz herdou uns senhorios em terras da Alcarria, incluindo Cifuentes, Viana, Palazuelos, Salmerón e Alcocer. Nesta última localidade, tomou a custódia do mosteiro de Santa Clara, fundado por sua mãe.[16] Também a rainha Beatriz mandou construir a Igreja de São Francisco em Alenquer, que depois da sua morte, foi terminada por seu filho, D. Dinis que mandou colocar uma lápide "em honra da muy nobre rainha Dona Beatrix".[15]

Até à morte de seu marido, o rei Afonso III em 1279, Beatriz teve uma grande influência sobre a Cúria Régia e apoiou a aproximação dos reinos de Portugal e de Castela. Em 1282, Beatriz voltou a Sevilha por causa de suas divergências com seu filho, o rei D. Dinis. Antes de novembro de 1282, Beatriz, já viúva, apoiou o seu pai contra o seu meio-irmão, o infante Sancho, o futuro rei Sancho IV, pessoalmente e com dinheiro.

Beatriz era muito querida por seu pai e em 4 março de 1283, Afonso X deu-lhe as vilas de Mourão, Serpa e Moura com os seus castelos e, no mesmo dia, o rei castelhano doou a Beatriz o reino de Niebla e os rendimentos reais da cidade de Badajoz.[9][17] O rei, seu pai, justificou as concessões desta maneira:

Beatriz permaneceu com seu pai e foi nomeada testamenteira no segundo testamento do rei em 22 janeiro de 1284,[18] e estava com ele quando o rei morreu em 1284.[9]

 
Túmulo de D. Beatriz de Castela no Mosteiro de Alcobaça. (atrás, o túmulo de sua filha D. Sancha, com a inscrição: «D. SANCIA INFANS, FILIA REGIS ALFONSI 3»).

A rainha Beatriz faleceu em 27 de Outubro de 1303, com 61 anos, e está sepultada no Mosteiro de Alcobaça.

Descendência

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Do seu casamento com Afonso III nasceram:

Em algumas crónicas antigas, menciona-se outra filha, Constança, no entanto, não há provas da sua existência segundo Figanière. Esta suposta filha, segundo outros historiadores, morreu muito nova em Sevilha e foi sepultada no Mosteiro de Alcobaça. No entanto, "esta referência deve (…) aplicar-se à infanta Sancha (que deve), embora com diferentes nomes, ter sido uma única infanta".[21]

Antepassados

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16. Fernando II de Leão
 
 
 
 
 
 
 
8. Afonso IX de Leão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Urraca de Portugal, Rainha de Leão
 
 
 
 
 
 
 
4. Fernando III de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Afonso VIII de Castela
 
 
 
 
 
 
 
9. Berengária de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Leonor Plantageneta
 
 
 
 
 
 
 
2. Afonso X de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Federico I,[22]
 
 
 
 
 
 
 
10. Filipe da Suábia[22]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Beatriz de Borgonha[22]
 
 
 
 
 
 
 
5. Beatriz da Suábia
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Isaac II Ângelo[22]
 
 
 
 
 
 
 
11. Irene Angelina[22]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Irene (Paleólogo?)[23]
 
 
 
 
 
 
 
1. Beatriz de Castela
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. Rodrigo Nunes de Gusmão
 
 
 
 
 
 
 
12. Pedro Rodrigues de Gusmão[24]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Mayor Dias
 
 
 
 
 
 
 
6. Guilhén Peres de Gusmão[8]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Guilherme VIII de Montpellier[25]
 
 
 
 
 
 
 
13. Mahalda[24]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27.
 
 
 
 
 
 
 
3. Mor Guilhén de Gusmão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. Rodrigo Guterres Girão
 
 
 
 
 
 
 
14. Gonçalo Rodrigues Girão[24]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Maria de Gusmão
 
 
 
 
 
 
 
7. Maria Gonçalves Girão[8]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Rodrigo Fernandes de Toronho[26]
 
 
 
 
 
 
 
15. Sancha Rodrigues[24][26]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Aldonça Peres[26]
 
 
 
 
 
 

Precedida por
Matilde de Bolonha
 
Rainha de Portugal

1253 - 1279
Sucedida por
Isabel de Aragão
[a] ^ Esta rainha não deve ser confundida com a homónima nascida em 1293 e morta em 1359, filha do seu meio-irmão Sancho, que também se tornaria rainha de Portugal entre 1325 e 1357 por casamento com Afonso IV.

Referências

  1. a b c Rodrigues Oliveira 2010, p. 133.
  2. Oliveira, António Resende de (2012). As Primeiras Rainhas: Mafalda de Mouriana; Dulce de Barcelona e Aragão; Urraca de Castela; Mecia Lopes de Haro; Beatriz Afonso. Lisboa: Círculo de Leitores. ISBN 9789724247038 
  3. Figanière, Frederico Francisco de La (1859). Memorias das rainhas de Portugal. Lisboa: Typographia Universal. p. 131 
  4. Rodrigues Oliveira 2010, pp. 144 e 622, n. 57.
  5. a b c Herculano 1875, p. 111, Livro VI.
  6. Valdeón Baruque 2003, p. 25.
  7. a b c Salazar y Acha 1990, p. 222.
  8. a b c Salazar y Acha 1990, pp. 222-223.
  9. a b c García Fernández 1999, p. 910.
  10. a b c García Fernández 1999, p. 908.
  11. Rodrigues Oliveira 2010, p. 135.
  12. a b c d García Fernández 1999, p. 909.
  13. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 136.
  14. Rodrigues Oliveira 2010, p. 137.
  15. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 141.
  16. Villalba Ruiz de Toledo 1989, p. 319-320.
  17. Rodrigues Oliveira 2010, p. 142.
  18. a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 143.
  19. a b c d e Rodrigues Oliveira 2010, p. 138.
  20. Rodrigues Oliveira 2010, pp. 138–139.
  21. Rodrigues Oliveira 2010, p. 139.
  22. a b c d e Salazar y Acha 1990, p. 227.
  23. Salazar y Acha 1990, p. 228.
  24. a b c d Salazar y Acha 1990, p. 223.
  25. Salazar y Acha 1990, pp. 224-225.
  26. a b c Salazar y Acha 1989, p. 81.

Bibliografia

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