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Madame de...

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Madame de...
Desejos proibidos (bra)
Madame de...par Max Ophüls de 1953.png
 França Itália
1953 •  p&b •  105 min 
Gênero romance
drama
Direção Max Ophüls
Produção Ralph Baum
Roteiro Marcel Achard
Annette Wademant
Max Ophüls
Louise de Vilmorin (livro de 1951).
Elenco Charles Boyer
Danielle Darrieux
Vittorio De Sica
Música Oscar Straus
Georges Van Pary
Idioma francês

Madame de... (br.: Desejos proibidos) é um filme de drama romântico franco-italiano de 1953, dirigido por Max Ophüls.

Esta película é considerada uma obra-prima do cinema francês na década de 1950. Ophüls conta que a construção da história o atraiu (em tradução livre/aproximada a partir do inglês): "existe sempre o mesmo eixo em torno de cada ação que volta sempre como um carrossel. Um minúsculo, pouco visível eixo: um par de brincos".[1]

O título original diferente reflete o fato de que o sobrenome da personagem principal - o mesmo de seu marido - nunca é ouvido ou lido na tela. Nas poucas ocasiões em que poderia ser revelado, há barulho ou corte da câmera.

Em 1892, a Condessa Louise é uma dama aristocrática da Belle Époque que vive em Paris, casada sem amor com o general André. Ela é bonita mas frívola e superficial e que acaba se endividando sem que o marido saiba. Para conseguir dinheiro, ela vende um par de brincos ao joalheiro do marido, e diz ao general que os perdeu. O marido publica um anúncio sobre o roubo das joias, o que leva a que o joalheiro o procure e conte sobre a mentira da esposa. O general então os compra e os dá de presente a uma amante que viaja até Constantinopla. O brinco acaba sendo vendido e o diplomata italiano, Barão Fabrizio Donati, se torna o novo proprietário. Ao se estabelecer na embaixada parisiense, o barão conhece Louise e passa a tentar conquistá-la. O general percebe o interesse do homem mas mantém as aparências, avisando-o que a esposa costuma dar falsas esperanças a seus pretendentes. Mas quando Louise exibe novamente os brincos, dizendo que os achara, o general percebe que o caso entre os dois avançou muito e resolve confrontá-los.

A relação amorosa do casal adúltero é mostrada como crescente em uma edição que reúne várias cenas de bailes. Em cada encontro, o barão pergunta à Louise sobre o marido que estava ausente. Essa sequência, com mobiliário e vestuários brilhantes, com a câmera em movimento, é um celebrado exemplo da técnica do diretor Ophüls.

A abordagem original de Ophüls pretendia que as cenas fossem filmadas através de espelhos na parede e outras locações. Os produtores rejeitaram a ideia.[2]

Após a experiência com as filmagens de La ronde, Ophüls estava determinado a ficar dentro dos limites do orçamento e da programação e fez extensa preparação durante a pré-produção,[3] tendo conseguido antes dos prazos.[4] Ele trabalhou próximo ao diretor artístico Georges Annekov na criação da atmosfera apropriada para o filme, inclusive no design dos brincos. As joias ficaram em exibição por muitos anos nos estúdios da Franco-London-Film.[5]

O roteiro ficou consideravelmente diferente do conto de Vilmorin e Ophüls comentou que "além dos brincos, restou muito pouco do conto no filme...[apenas] a vida sem sentido da mulher ".[5] Ophüls conversava reservadamente com Danielle Darrieux nos intervalos das tomadas[6] e lhe pedia que retratasse o vazio da personagem.[7] No início Ophüls ficava embaraçado de dirigir Vittorio De Sica em respeito ao trabalho dele também na direção, mas durante a produção os dois se tornaram amigos.[8] Darrieux, Charles Boyer e Annekov tinham atuados juntos no filme de 1936 Mayerling, no que fora o primeiro papel da atriz.[9]

O filme teve críticas mistas em seu lançamento mas a reputação cresceu com o tempo. Ele foi relançado na Inglaterra em 1979, onde foi redescoberto como uma obra-prima. Derek Malcolm o elogiou como sendo (tradução livre/aproximada como as demais): "um supremo exemplar de trabalho cinematográfico que dificilmente dá um passo em falso por duas horas...uma magnífica e absolutamente atemporal dissecação da paixão e afeição, o jogo da vida e do amor em si". Lindsay Anderson criticou o filme afirmando que "a câmera nunca para; cada cena tem uma tensão de um truque de ilusionismo. A prestidigitação é deslumbrante, mas de fatal distraimento...Com um suave e engenhoso fluxo de imagens brilhantes que se opõe diametralmente à Madame da prosa de Vilmorin, ele usa o filme como uma desculpa para uma sucessão de ambientes de rica decoração...E com todo esse visual fru-fru não surpreende que os personagens fiquem perdidos e o desenvolvimento do drama interior é quase completamente não observável".[10] François Truffaut escreveu que esse filme é muito similar ao anterior do diretor Liebelei: "a última meia-hora, o duelo e o encerramento, é uma refilmagem pura e simples ".[11] Jacques Rivette elogiou o filme, classificando-o de "um trabalho difícil, no sentido mais amplo da palavra, desde a escrita, quando tudo tem o objetivo de desconcertar, distrair a plateia daquilo que é essencial através da acumulação de ações secundárias, voltas erradas, repetições e atrasos; um trabalho no qual o pitoresco se esforça para esconder o patético".[12]

Molly Haskell chamou o filme de obra-prima com seguidores que com o passar dos anos o consideram "cult". Haskell tinha afirmado que o filme não era reverenciado como outros por causa da orientação feminina da trama. Richard Roud disse que a obra de Ophüls é sobre "mulheres. Mais especificamente, mulheres apaixonadas. Na maioria das vezes,mulheres que são infelizes no amor, ou a quem o amor trouxe infelicidades de um tipo ou outro".[13]

Em 1954, Georges Annenkov e Rosine Delamare foram indicados ao Óscar por "Melhores Figurinos em Preto e Branco" mas perderam para Edith Head em Sabrina.

Referências

  1. Wakeman, John. World Film Directors, Volume 1. The H. W. Wilson Company. 1987. pp. 848. ISBN 0-8242-0757-2
  2. Truffaut, François. The Films in My Life. New York: De Capo press. 1994. ISBN 0-306-80599-5. pp. 232.
  3. The Criterion Collection DVD. The Earrings of Madame de.... DVD Linear Notes. The Criterion Collection. 2008. pp. 21.
  4. Criterion. pp. 26.
  5. a b Criterion. pp. 23.
  6. Criterion. pp. 27.
  7. Criterion. pp. 24.
  8. Criterion. pp. 29.
  9. Criterion. pp. 25.
  10. Wakeman. pp. 848.
  11. Truffaut. pp. 230.
  12. Criterion. pp. 30-31.
  13. Criterion. pp. 9.

Ligações externas

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