Saltar para o conteúdo

Micro-ARN

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Micro RNA)
Pre-miARN em vez de Pri-miARN no primeiro ponto do mecanismo. Diagrama da ação do microRNA (miRNA) com ARNm
Exemplos de hairpin loop de miARN, com os miRNAs maduros mostrados em vermelho

O micro-ARN ou miARN (em inglês: miRNAs) é um ARN monocatenário, com um comprimento de entre 21 e 25 nucleótidos, cuja principal função é atuar como silenciadores pós-transcricionais, pois pareiam-se com mRNAs específicos e regulam sua estabilidade e tradução. São pequenos RNAs não codificantes. Cada miRNA pode ter centenas ou milhares de alvos, e um mRNA pode ser inibido por diferentes miRNA.[1] Foram pela primeira vez descritos em 1993, por Lee e colaboradores no laboratório de Victor Ambros,[2] no entanto, só em 2001 é que o termo "microARN" foi cunhado, ano em que apareceu num conjunto de três artigos publicados em Science (26 outubro de 2001).[3] Hoje os bancos de dados apresentam em torno de 2000 microRNAs com suas funções bem estabelecidas.[4]

Aspectos Gerais

[editar | editar código-fonte]

RNAs não codificantes (ou ncRNA, do inglês non coding RNAs) são moléculas transcritas a partir do genoma e não traduzidas em polipeptídeos, permanecendo geralmente no núcleo da célula, onde exercem sua função principal de regulação da expressão gênica tanto transcricional como pós-transcricional. A interferência por moléculas de RNAs não codificantes que atuam transcricionalmente é considerado um mecanismo epigenético, isto é, uma mudança estável e herdável da expressão gênica ou do fenótipo celular sem que haja alterações na sequência de bases do material genético.[5][6]

NcRNA podem ser divididos em três grandes grupos, em função de seu tamanho. Os dois primeiros correspondem às moléculas bem conservadas entre as espécies, sendo eles (1) MicroRNA (ou miRNA) e RNA de interferência (ou siRNA, do inglês Small interfering RNA) e (2) RNA nucleolares pequenos (ou snoRNA, do inglês small nucleolar RNAs), com tamanhos entre aproximadamente 20 a 30 e 60 a 300 nucleotídeos, respectivamente. O terceiro grupo é representado pelos (3) RNAs longos não codificantes, com pouca conservação e comprimento médio de 2 mil pares de bases. Outros critérios como origem, estrutura, proteínas efetoras associadas e função biológica reduzem os limites entre os grupos de ncRNA e dificultam sua classificação. Apesar de miRNA e siRNA constituírem um único grupo de ncRNA em função de seu tamanho, estrutura, biogênese e mecanismo de ação semelhantes e ampla distribuição filogenética e fisiológica, eles podem ser diferenciados principalmente em função e por sua origem: enquanto os miRNA são tidos como endógenos, ou seja, como produtos do genoma do próprio organismo, os siRNA são considerados primariamente de origem exógena, sendo derivados diretamente de vírus, transposons ou transgenes.[5][6][7]

Os miRNAs são pequenas moléculas endógenas de ácido ribonucleico (RNA), não codificantes, com cerca de 22 nucleotídeos (nt), que atuam como reguladores da expressão gênica em plantas e animais, ao nível pós-transcricional através da clivagem de um RNA mensageiro (mRNA) alvo ou da repressão da tradução.[7]

O primeiro miRNA, lin-4, foi descrito em 1993 pelo grupo de Rosalind Lee associado à regulação do desenvolvimento larval de Caenorhabditis elegans (C. elegans). lin-4 regulava negativamente o nível da proteína LIN-14 (da primeira fase larvar), criando uma diminuição da expressão da mesma ao longo do tempo. Sete anos após a descrição de lin-4, ocorreu a descoberta do segundo miRNA, let-7, também no mesmo organismo modelo. Verificou-se que este miRNA atuava ao nível pós-transcricional e apresentava complementaridade parcial com a região 3’ não traduzida (3’-UTR) do mRNA LIN-41.[6][8][9]

A existência de genes homólogos no genoma humano, de Drosophila e de outros doze animais bilaterais, permitiu supor que os miRNAs seriam uma classe com funções reguladoras amplas em muitas espécies diferentes. Inicialmente foram denominados como RNAs temporais pequenos (ou stRNA, do inglês small temporal RNAs) devido ao seu papel em etapas do desenvolvimento embrionário de C. Elegans. O termo microRNA só foi cunhado em 2001 em três trabalhos publicados simultaneamente na revista científica Science. Nesta ocasião, os autores descreveram, no total, mais de cem novos genes de miRNA em vertebrados e invertebrados e de forma geral os consideraram amplamente conservados entre as espécies estudadas (humanos, Drosophilae e Caenorhabditis). Entretanto, notaram que estes novos miRNAs não necessariamente eram expressos em diferentes momentos do desenvolvimento embrionário, mas principalmente que eram expressos por diferentes tipos celulares de uma espécie. Desde então, uma série de novos trabalhos utilizando técnicas de clonagem revelaram numerosos novos genes para miRNAs em mamíferos, peixes, helmintos, insetos e plantas. Com isso, a necessidade de catalogar a informação e facilitar a atribuição de nomes a novos miRNA levou ao desenvolvimento de um banco de dados de microRNA – o miRNA Registry, atualmente conhecido como miRBase.[8][9][10][11]

Até 2014, mais de 17000 sequências de miRNAs em mais de 140 espécies diferentes foram catalogadas no miRBase (http://www.mirbase.org/), número este que tem aumentado exponencialmente, e nos últimos três anos quase triplicou e em 2021 temos 14.000 só para humanos sendo que apenas para 2.000 se distinguiu as funções/ações inibitorias.[11]

Em diversas espécies, a distribuição dos genes de miRNA predomina em regiões relativamente distantes de genes previamente anotados, sugerindo que eles derivam de unidades de transcrição independentes. Por outro lado, uma minoria significativa destes miRNA tem suas sequências codificadas em íntrons de pré-mRNA, não possuindo um promotor próprio. Nestes casos, é esperada uma expressão coordenada de um miRNA e uma proteína derivados do mesmo pré-mRNA, compondo um cenário de regulação mais simplificado. Contudo, se coexpressos, tanto o mRNA quanto o miRNA teriam a mesma orientação, o que não se observa na prática. Em outras palavras, o que de fato acontece, pelo menos em C. elegans, é a expressão independente dos miRNAs de regiões intrônicas em relação aos mRNA previstos.[6][7]

Um grande questionamento entre os especialistas em miRNA é a demora para sua descoberta, uma vez que a resposta definitivamente não está na raridade destas moléculas. Pelo contrário, os miRNA e proteínas associadas são aparentemente um dos complexos ribonucleoproteicos mais abundantes da célula. Assim, alguns autores sugerem dificuldades técnicas de transcriptômica, como a clonagem não otimizada para capturar miRNA, enquanto outros apontam para aspectos da estrutura destas moléculas, como a falta de um quadro aberto de leitura (ou ORF, do inglês open reading frame) que permitisse identificar um candidato a gene. Várias hipóteses existem, mas nenhuma ainda responde satisfatoriamente esta questão.[6][7]

Meios de comunicação entre Células

[editar | editar código-fonte]

"descobriu-se que os miRNAs circulantes são diferencialmente expressos em várias doenças humanas. Essas descobertas começaram a nos fazer entender como as células usam miRNAs como moléculas de comunicação no sofisticado diálogo entre elas".[12]

Eixo microRNAs-Microbioma

[editar | editar código-fonte]

Estudos demonstraram que a função miRNA fecal está relacionado à formação da microbiota intestinal e à influência do metabolismo bacteriano[13] "Devido à sua função moduladora, os miRNAs circulantes e particularmente fecais surgiram como uma ferramenta poderosa para o diagnóstico de doenças e o desenvolvimento de estratégias terapêuticas baseadas em miRNAs."

Biogênese dos microRNAs

[editar | editar código-fonte]

A maioria dos genes transcritos em miRNAs se localiza em regiões intergênicas e estão organizados de forma isolada em plantas, C. elegans e humanos, sugerindo que são transcritos a partir de unidades transcricionais independentes.[14][15][16][17][18] Outros miRNAs estão agrupados no genoma em um arranjo e possuem um padrão de expressão que produz um miRNA primário (pri-miRNA) “policistrônico”, capaz de gerar vários miRNAs distintos após a finalização do processamento.[14][15] Em Drosophila mais da metade desses genes está organizada em clusters.[19] Os miRNAs também podem ser processados por sequências de íntrons de genes codificantes de proteínas, o que compreende aproximadamente 30% dos miRNAs.[20]

O número de genes que codificam miRNAs ultrapassou 110 em C. elegans, 140 na mosca Drosophila melanogaster e 400 em seres humanos, representando cerca de 1% a 2% do número de genes codificadores de proteínas nessas respectivas espécies.[21][22][23] Em função do número de genes transcritos em miRNAs já conhecidos e dos diferentes padrões de expressão estabelecidos por estudos de transcriptômica propõe-se que, cada tipo celular tenha um perfil distinto de expressão de miRNA em uma determinada etapa do desenvolvimento embrionário ou tecidual. Esse perfil é resultado da expressão ou não de certas moléculas, como também da abundância destas num dado momento.[6]

De forma geral, a maioria dos genes de miRNA são transcritos pela RNA polimerase II (RNA pol II) no núcleo em miRNAs primários (pri-miRNAs). Individualmente, um pri-miRNA pode produzir um único miRNA ou conter grupos de dois ou mais miRNAs que são processados a partir de um transcrito primário comum. Esses longos pri-miRNA são clivados por um complexo que abrange a enzima RNAse III de cadeia dupla (DROSHA) e seu cofator essencial, a proteína de ligação DGCR8 (DiGeorge Syndrome Critical Region 8 protein) em mamíferos.[20] A DROSHA contém dois domínios de RNAse III, cada qual cliva uma fita do RNA resultando no microRNA precursor (pré-miRNA) com cerca de 70 pares de base, que contém um trecho de fita dupla e uma alça de fita simples, formando uma estrutura em grampo. O pré-miRNA é exportado para o citoplasma pela proteína exportina-5 (XPO-5), onde é clivado pela DICER1, uma RNAse III que avalia as extremidades 3’ e 5’ do pré-miRNA, gerando um miRNA maduro com cerca de 22 nucleotídeos. O processamento do pré-miRNA pela Dicer promove o desenrolamento do duplex de RNA em forma de grampo. Geralmente, apenas uma fita é incorporada no RNP (fita guia), sendo que a seleção da fita depende da sua instabilidade termodinâmica e da fragilidade do pareamento de bases em relação à outra cadeia. A posição na formação do grampo também pode influenciar na escolha da fita.[24][25] A outra fita, chamada fita passageira, é indicada com um asterisco (*) e é normalmente degradada. Em alguns casos ambas as cadeias do duplex são viáveis e ambas se tornam miRNAs funcionais que tem como alvo populações de mRNA diferentes.[26]

A DICER1 se associa com a proteína TRBP (transactivation responsive RNA binding protein, também chamada de TRBP2), que se liga ao RNA dupla-fita (dsRNA). A TRBP também liga fisicamente à DICER1 com as proteínas Argonautas (AGO1, AGO2, AGO3 ou AGO4, por exemplo) na montagem do complexo ribonucleoproteico (RNP).[20][27] O RNP procura pelos mRNAs alvo através da busca de sequências nucleotídicas complementares usando uma das fitas do microRNA como molde.[28] As proteínas denominadas Argonautas são compostas por dois domínios, o PAZ que pode se ligar à porção 3’ da fita simples do miRNA maduro e o domínio PIWI que é estruturalmente semelhante a ribonuclease-H e interage com porção 5’ da fita guia. Esses domínios se ligam ao miRNA maduro e orientam a interação com o mRNA alvo.[29]

Uma fita do miRNA maduro (fita guia) é então ligada por uma Argonauta e retida no RNP guiando o complexo ao mRNA alvo no silenciamento gênico pós-transcricional. Esse passo ocorre nos corpos de processamento (p-bodies), que são estruturas citoplasmáticas envolvidas no controle da expressão gênica pós-transcricional. Esse controle regula a renovação de mRNA, bem como a remoção de RNA anormais e com mutações sem sentido. A formação dos p-bodies parece depender de proteínas específicas e RNA, em particular, miRNAs.[30]

Biogênese em plantas

[editar | editar código-fonte]

Os miRNAs de plantas geralmente têm um pareamento quase que perfeito com seus mRNA alvos e induzem repressão do gene através da clivagem dos transcritos-alvo.[31] A biogênese dos miRNAs em plantas difere da biogênese dos animais principalmente nas etapas de processamento e exportação. Ao invés de ser clivado pelas duas enzimas, uma dentro e outra fora do núcleo, ambas as clivagens do miRNA nas plantas são realizadas por uma proteína homóloga a Dicer chamada Dicer-like1 (DL1). DL1 é expressa somente no núcleo celular de plantas, indicando que ambas as reações acontecem dentro do núcleo. Antes do complexo dsmiRNA (duplex) ser transportado para fora do núcleo sua extremidade 3’ é metilada por uma RNA metiltransferase chamada HEN1 (Hua-Enhancer 1). Este complexo é então transportado para o citoplasma por uma proteína chamada HST (Hasty), uma homóloga da XPO-5, onde eles se desmontam e o miRNA maduro é então incorporado no RNP.[32]

Função dos microRNAs

[editar | editar código-fonte]

Os miRNAs têm como principal função regular os genes e o genoma, silenciando-os de forma geral, o que pode levar a um aumento ou diminuição na expressão de um gene ou, inclusive, de uma proteína que atua em uma via de sinalização para um determinado contexto celular.[33] Essa regulação pode ocorrer em vários níveis da função gênica, podendo interferir na estruturação da cromatina, no rearranjo cromossomal, em fenômenos de metilação do DNA ou das histonas, na transcrição (por exemplo, no silenciamento de genes promotores), no processamento e estabilidade do RNA e na tradução.[34][35] Neste sentido, os miRNA podem ser chamados de RNA de interferência (RNAi).

Basicamente, a identificação do gene a ser silenciado se dá pelo pareamento de bases complementares com o miRNA específico para o mesmo. Portanto, pode-se dizer que esse silenciamento pode ser reprogramável. Cada situação exige um diferente padrão de expressão gênica, desta forma, a maquinaria de silenciamento pode ser redirecionada através da expressão de novos miRNAs ou da remoção de antigos miRNAs. Assim, quando o genoma se encontra diante de ameaças externas, como bactérias ou vírus, ele pode expressar sequências de miRNAs, que são capazes de reprimir a expressão gênica, fazendo que o mesmo consiga responder à ameaça.[35]

Além do pareamento sincronizado do miRNA com o alvo, outros fatores também são importantes no processo de RNAi, como a atuação da família de proteínas argonautas e a Dicer, que atuam na biogênese e no auxílio do reconhecimento dos alvos pelo miRNA.[36] Por exemplo, a deficiência induzida de Dicer pode revelar outras funções dessa enzima, como no silenciamento transcricional de genes através da produção de siRNAs endógenos, sugerindo uma característica epigenética de adaptação.[33]

Já foram descritas várias famílias de miRNAs, e cada um deles é capaz de atuar sozinho ou em conjunto com outros miRNAs na regulação de um gene. Devido à essa característica principal de regulação gênica, acredita-se que os miRNAs estão diretamente ligados à formação de tumores.

Foi descrito na literatura, por exemplo, que miRNAs estão diretamente envolvidos na regulação da proliferação celular através da via do receptor do fator de crescimento epitelial (EGFR - Epitelial Growth Factor Receptor), que está envolvido em vários tipos de câncer, como de pulmão, colo-retal, mama, dentre outros.[37][38][39] Neste caso, verificou-se que miR-124, miR-147 e miR-193-a-3p são essenciais na regulação do EGFR.[40] É importante ressaltar que não é apenas um miRNA específico que estará envolvido diretamente com uma proteína da via, mas que pode existir uma série de interações entre um único miRNA e vários alvos dentro de uma mesma via de sinalização e, ainda, vários miRNA podem ser capazes de atuar em um mesmo alvo da via.[39][40] Diante dessas descobertas, uma nova alternativa terapêutica pode surgir ao utilizar esses miRNA para bloquear uma via específica na formação de tumores.

Os miRNAs também desempenham um papel essencial no desenvolvimento do controle e da resposta do sistema imune. Fatores como a remoção de genes responsáveis pela confecção da maquinaria de miRNA e a perda ou desregulação de alguns miRNAs comprometem o desenvolvimento da resposta imune ao alterar componentes principais de vias funcionalmente interligadas, gerando desordens como doenças autoimunes e câncer.[33] Por exemplo, através da inativação da Dicer em linfócitos T ou B de camundongos é possível demonstrar que os miRNAs são críticos para o processo de desenvolvimento e diferenciação dos linfócitos.[41] Para as células T afetadas pela deleção da Dicer em camundongos mutantes verificou-se a ocorrência de várias imunopatologias, como esplenomegalias, aumento no tamanho dos linfonodos intestinais e colites.[42] Ou seja, os miRNAs atuantes desta via são essenciais para a manutenção da homeostasia e da função repressora das células T regulatórias.[33] Para reforçar essa hipótese, observou-se que quando ocorre uma deleção na Dicer e em Drosha verifica-se uma deficiência no fator Foxp3 que é essencial na diferenciação de células T regulatórias, sendo assim incompatível com a vida.[43][44][45]

Nos linfócitos B, aparentemente, os miRNAs não afetam diretamente a recombinação V(D)J, essencial para a formação do repertório de anticorpos. Porém, miRNAs estão envolvidos na diferenciação destes linfócitos, em especial miR-17~92, que aparece como um regulador crítico no desenvolvimento celular, envolvido especialmente na regulação de mecanismos apoptóticos ou divisão celular.[33]

Outros miRNAs sabidamente conhecidos como importantes na formação e regulação da imunidade inata e adaptativa são miR-155, miR-132 e miR-146, que aumentam seus níveis de expressão após estímulo com lipopolissacarídeo (LPS), um importante antígeno presente em bactérias Gram-negativas. Esses miRNAs têm como alvos principais componentes da via de receptores Toll-like (TLR), que é ativada por LPS, sugerindo uma atuação por feedback negativo desses miRNAs nessa via e no mecanismo da expansão da linhagem mielocítica durante uma resposta inflamatória.[46][47] Já miR-181 aparenta estar diretamente envolvido no controle do limiar de ativação de receptores de células T (TCR), devendo participar na regulação da resposta imune dependente de anticorpos.[48][49] A deleção de miR-223 leva a um aumento de neutrófilos em infecções fúngicas, demonstrando um papel importante na formação da linhagem granulocítica e, consequentemente, na imunidade inata.[50] A remoção do miR-150 levou a um aumento nos níveis de células B do tipo B1, que estão diretamente envolvidas na defesa natural do organismo contra patógenos.[51]

A plasticidade apresentada pelos miRNAs demonstram que são elementos muito importantes nas interações patógeno-hospedeiro, especialmente no que diz respeito a infecções virais. Diversos vírus expressam miRNAs, consequentemente, possibilitando interações entre os miRNAs e mRNAs do vírus e do hospedeiro.[52] Ao regular a expressão gênica, miRNAs virais podem ajudar os vírus a escapar da reposta imune produzida pelo hospedeiro. Por exemplo, miR-UL112 de citomegalovírus humano (HCMV) diminui a expressão de um ligante ativador de células NK presente no complexo de histocompatibilidade de classe I (MHC-I), impedindo assim a morte das células infectadas com o vírus.[53] miRNAs codificados pelo vírus símio 40 (SV40) se acumulam no estágio tardio da infecção e são perfeitamente complementares ao mRNA viral mais novo, fazendo uma diminuição da expressão dos antígenos virais que são detectados pelas células T citotóxicas, escapando da detecção pelas mesmas,[54] esse é um mecanismo também utilizado nos miRNAs expressos pelo vírus herpes simples 1 (HSV-1), permitindo a manutenção desses vírus em um estado latente.[55]

Em contrapartida, miRNAs do hospedeiro também podem auxiliar na defesa antiviral. MiR-32, por exemplo, previne o acúmulo do vírus símio foamy (PFV-1) em células humanas, ao ter o genoma viral como alvo e causar uma inibição na tradução.[56] Alguns vírus transpassam essa defesa ao codificar proteínas que reprimem o silenciamento de RNA, através do sequestro de pequenos RNAs ou interferindo na função de proteínas envolvidas no processamento de miRNA.[57]

Os vírus também podem se aproveitar de miRNAs do hospedeiro como forma de garantir sua sobrevivência. Um exemplo mais clássico seria o de miR-122 e a infecção pelo vírus da hepatite C (HCV). MiR-122 é um miRNA altamente expresso nos hepatócitos, basicamente funcionando como um regulador do metabolismo de ácidos graxos, e a replicação do HCV é dependente da expressão desse miRNA.[58] A especificidade tecidual da expressão de miR-122 também garante a predileção do HCV por esse tipo celular.[59] Porém, esse mecanismo não é de todo mal, pois desta forma, miR-122 se classifica como um candidato a alvo para o tratamento de HCV com o uso de um antagonista anti-miR-122.[60]

Outros estudos apontam que os miRNAs desempenham um papel importante na fisiologia do sistema cardiovascular e estão diretamente ligados aos processos patogênicos do mesmo, especialmente por atuarem na regulação de cerca de 30% dos genes nucleares.[61][62][63] Como as proteínas, os RNAs são capazes de se translocar para a mitocôndria, o que também acontece com os miRNAs, especialmente miR-181c, que é transportado para a mitocôndria de cardiomiócitos, regulando a expressão gênica mitocondrial e, consequentemente, afetando sua função.[64]

Aplicações terapêuticas

[editar | editar código-fonte]

A fitoterapia tem sido citada em milhares de trabalhos ligados a miRNAs com diversasas aplicações como o uso de fitoterápicos contendo Mir específicos para câncer[65]

"O primeiro medicamento direcionado a miRNA, Miravirsen (Santaris Pharma, Dinamarca), Miravirsen é um oligonucleotídeo antisense que inibe o processamento mediado por DROSHA e DICER de precursores miR-122 que aumentam a transcrição do genoma do vírus da hepatite C (HCV)"[13] Outros medicamentos foram para câncer de tireoide (Interpace Diagnostic), o Miravirsen (produzido pela Roche / Santaris) concorre com RG-101 (produzido pela Regulus Therapeutics), e "são destinados ao tratamento da hepatite C".[66] Mas são usados como antiviral aplicando a várias doenças e tipos de câncer[67] "Lumasiran (Oxlumo™) é um pequeno RNA interferente administrado por via subcutânea (siRNA) direcionado ao mRNA para o gene da hidroxiácido oxidase 1 (HAO1; codifica glicolato oxidase) e foi desenvolvido pela Alnylam Pharmaceuticals para o tratamento da hiperoxalúria primária tipo 1 (PH1)".[68]

Há pouco mais de uma década surgiu uma revolucionária e promissora classe de agentes terapêuticos, os miRNAs, que produzem efeitos bem direcionados e específicos de inibir um mRNA através de alterações pós-transcricional. Estes oferecem a vantagem de serem altamente potentes e capazes de atuar em alvos inacessíveis a moléculas de fármacos convencionais. Antes eram vistos como simples RNAs não codificantes, mas com o avanço tecnológico da biologia molecular descobriu-se que alguns destes RNAs também auxiliam no controle da tradução e na regulação de genes. O potencial destes miRNAs como tratamento de diversas doenças infecciosas e do câncer tem elevado gradativamente.[69]

Os miRNAs possuem papéis importantes em indivíduos saudáveis, mas também estão associados a uma gama de doenças como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças neurológicas e diferentes tipos de câncer. O estudo dos miRNAs vem possibilitando o conhecimento da função de genes para determinar biomarcadores de diagnóstico e preditores de resposta a tratamentos, que possam vir a ser candidatos a medicamentos e possibilitar estudos de doenças.[69]

Os miRNAs tem propriedades físico-química similares, mas com funções distintas, as sequências de miRNAs na maioria das vezes são completamente conservadas em múltiplas espécies de vertebrados, estas características do miRNAs os tornam de fácil manipulação e viáveis terapeuticamente.[69] Possuem muitos alvos dentro das células, as quais, permitem a modulação de vias inteiras em um estado de doença através de direcionamento terapêutico do miRNAs associados à doença.

Há duas formas que podem ser utilizadas para modular a atividade do miRNA:

  1. Restabelecer a função de um miRNA utilizando miRNAs de cadeia dupla sintéticos ou super expressão baseada em vetor viral. Cujo objetivo é conseguir as mesmas funções biológicas dos miRNAs endógenos. Os vetores virais são utilizados para transportar o miRNA terapêutico para dentro da célula de interesse, são modificados geneticamente tanto na remoção da virulência quanto no seu tropismo.[70] Utilização de dsRNAs sintéticas com modificações químicas para aumentar a estabilidade e a absorção celular, evitando a ligação do miRNA ao RISC prevenindo a sua rápida degradação.[71]
  2. Inibir a função de um miRNA usando oligonucletídeos antimiR quimicamente modificados. MiRNAs maduros podem ser inibidos usando miRNA complementar ou oligonucleotídeos antisenso, conhecidos como antimiRs e oncomiR (atuam como oncogenes). Um miRNA complementar é produzida por expressão transgênica de uma molécula de RNA complementar aos sítios de ligação do miRNA de interesse para bloquear a função de um miRNA alvo ou uma família de miRNA.[72] Para obter um eficiente silenciamento de um miRNA in vivo, o oligonucletídeo antimiR deve ser quimicamente modificado promovendo afinidade de ligação, bioestabilidade e propriedades farmacocinéticas. Uma vez que os níveis de expressão do miRNA variam dependendo do tipo celular, do tecido e das doenças, extensos estudos pré-clinicos são necessários para determinar o nível de inibição de uma miRNA alvo.

Atualmente, a bioinformática é a ferramenta inicial para escolha de um miRNA como candidato de um novo fármaco.[20] Existem características necessárias que os miRNAs sintéticos devem ter como por exemplo potência, especificidade ao mRNA alvo, evitando efeitos fora do alvo, e estabilidade às nucleases. A resistência a nuclease é dada pela substituição do fosfodiéster (PO) pela fosforotioato (OS) na ligação do oligonucleotídeo antimiR. Um siRNA possui 19 – 21 nucleotídeos com alças (overhangs) no final 3’ com TT e UU, os quais são importantes para o reconhecimento pela maquinaria de RNAi. Sequências siRNAs com 27 nucleotídeo aumenta a potência, porém sequência com mais de 30 nucleotídeos pode ativar a via interferon.[73] A eficiência de um silenciamento via siRNA está relacionada com a região do mRNA ao qual ele é complementa e a quantidade de G / C na sequência que deve ser em torno de 30 e 64%.[74]

O primeiro ensaio clínico de uma terapia utilizando siRNA foi iniciada em 2004, até o momento há 30 candidatos de siRNA em diferentes fases de ensaios clínicos para o tratamento de diferentes doenças.[74] Já o primeiro ensaio clínico de um miRNA como fármaco iniciou em 2013. Os miRNAs podem ser utilizados como agentes terapêuticos para doenças complexas para um tratamento eficaz, que exige a modulação de várias vias, pois estes são capazes de inibir a expressão de uma série de genes alvos, que em geral trabalham em conjunto, como por exemplo o miR-155. Por outro lado, os siRNAs tem seu potencial limitado pela sua capacidade de ter um único gene específico.[75]

Quase que 1/3 da terapia utilizando o siRNA ou miRNA em fase de ensaios clínicos são direcionados para o câncer. O primeiro miRNA como um oncogene é miR-155, e dados recentes indicam que ele desempenha um papel crucial em diversos processos fisiológicos e patológicos, tais como a diferenciação hematopoiética, imunidade, inflamação, infecções virais, câncer, doenças cardiovasculares e síndrome de Down.[76] O MRX34 foi primeiro a entrar nos estudos clínicos na terapia de câncer projetado para fornecer miR-34 similar por formulação lipossomal, sendo indicado para câncer de fígado primário ou metástase de outros tumores no fígado. Este miR-34 está bem caracterizado como regulador da supressão tumoral.[77] O TargomiR também em fase de ensaios clínicos é indicado para mesotelioma maligno da pleura e para câncer de pulmão de não pequenas células. O TargomiRs consiste em três componentes similares ao miRNA-16, uma nanopartícula de entrega da droga e um anticorpo fator de crescimento como antiepidermal para o direcionamento do farmaco.[78]

Em poucos anos estarão disponíveis uma gama de novos fármacos que utilizam esta estratégia terapêutica, inúmeros miRNA estão em fases de ensaios pré-clinicos e clínicos. Contudo, o perfil de segurança e eficácia será bem definido após estudos clínicos adicionais e de longo prazo, a fim de identificar ou não eventos adversos.

microRNA em estudos terapêuticos

[editar | editar código-fonte]
  • miR-34 – terapia contra o câncer, possuem efeito de controlar a proliferação celular, ciclo celular e apoptose;
  • miR-33 – terapia da arteriosclerose, regulam o colesterol, ácidos graxos e triglicérides e induz a homeostase com a codificação de SREBP1 e SREBP2;
  • miR- 208 – tratamento de insuficiência cardíaca e diabetes;
  • miR-122 – tratamento da infecção pelo vírus da hepatite C.[69][79]

Referências

  1. Prodromaki, E.; A. (31 de julho de 2015). «Expression of the microRNA regulators Drosha, Dicer and Ago2 in non-small cell lung carcinomas». Cellular Oncology (em inglês). 38 (4): 307-317. ISSN 2211-3428. doi:10.1007/s13402-015-0231-y 
  2. Lee RC; Feinbaum RL; Ambros V (1993). «The C. elegans heterochronic gene lin-4 encodes small RNAs with antisense complementarity to lin-14.». Cell. 75: 843–854. PMID 8252621. doi:10.1016/0092-8674(93)90529-Y 
  3. Ruvkun, G. (26 de outubro de 2001). «Molecular biology. Glimpses of a tiny RNA world.». Science. 294 (5543): 797–9. PMID 11679654. doi:10.1126/science.1066315 
  4. Base de Dados. «Catálogo de MicroRNAs | HUGO Gene Nomenclature Committee». www.genenames.org. Consultado em 5 de maio de 2021 
  5. a b Aravin, Alexei A.; Mariana (1 de agosto de 2003). «The small RNA profile during Drosophila melanogaster development». Developmental Cell. 5 (2): 337-350. ISSN 1534-5807. PMID 12919683 
  6. a b c d e f Bartel, David P. (23 de janeiro de 2004). «MicroRNAs: genomics, biogenesis, mechanism, and function». Cell. 116 (2): 281-297. ISSN 0092-8674. PMID 14744438 
  7. a b c d Goldberg, Aaron D.; C. David (23 de fevereiro de 2007). «Epigenetics: a landscape takes shape». Cell. 128 (4): 635-638. ISSN 0092-8674. PMID 17320500. doi:10.1016/j.cell.2007.02.006 
  8. a b Lau, N. C.; L. P. (26 de outubro de 2001). «An abundant class of tiny RNAs with probable regulatory roles in Caenorhabditis elegans». Science (New York, N.Y.). 294 (5543): 858-862. ISSN 0036-8075. PMID 11679671. doi:10.1126/science.1065062 
  9. a b Lee, R. C.; V. (26 de outubro de 2001). «An extensive class of small RNAs in Caenorhabditis elegans». Science (New York, N.Y.). 294 (5543): 862-864. ISSN 0036-8075. PMID 11679672. doi:10.1126/science.1065329 
  10. Ambros V, Lee RC. «The C. elegans heterochronic gene lin-4 encodes small RNAs with antisense complementarity to lin-14.». Cell. doi:10.1016/0092-8674(93)90529-y. Consultado em 15 de setembro de 2015 
  11. a b Griffiths-Jones, Sam (1 de janeiro de 2004). «The microRNA Registry». Nucleic Acids Research. 32 (Database issue): D109-111. ISSN 1362-4962. PMID 14681370. doi:10.1093/nar/gkh023 
  12. Sarshar, Meysam; Scribano, Daniela; Ambrosi, Cecilia; Palamara, Anna Teresa; Masotti, Andrea (agosto de 2020). «Fecal microRNAs as Innovative Biomarkers of Intestinal Diseases and Effective Players in Host-Microbiome Interactions». Cancers (em inglês) (8). 2174 páginas. doi:10.3390/cancers12082174. Consultado em 27 de abril de 2021 
  13. a b Lu, Haifeng; Yao, Yujun; Yang, Jiezuan; Zhang, Hua; Li, Lanjuan (15 de abril de 2021). «Microbiome–miRNA interactions in the progress from undifferentiated arthritis to rheumatoid arthritis: evidence, hypotheses, and opportunities». Rheumatology International (em inglês). ISSN 1437-160X. doi:10.1007/s00296-021-04798-3. Consultado em 27 de abril de 2021 
  14. a b Lagos-Quintana, M.; R. (26 de outubro de 2001). «Identification of novel genes coding for small expressed RNAs». Science (New York, N.Y.). 294 (5543): 853-858. ISSN 0036-8075. PMID 11679670. doi:10.1126/science.1064921 
  15. a b Lau, N. C.; L. P. (26 de outubro de 2001). «An abundant class of tiny RNAs with probable regulatory roles in Caenorhabditis elegans». Science (New York, N.Y.). 294 (5543): 858-862. ISSN 0036-8075. PMID 11679671. doi:10.1126/science.1065062 
  16. Lee, R. C.; V. (26 de outubro de 2001). «An extensive class of small RNAs in Caenorhabditis elegans». Science (New York, N.Y.). 294 (5543): 862-864. ISSN 0036-8075. PMID 11679672. doi:10.1126/science.1065329 
  17. Lim, Lee P.; Nelson C. (15 de abril de 2003). «The microRNAs of Caenorhabditis elegans». Genes & Development. 17 (8): 991-1008. ISSN 0890-9369. PMID 12672692. doi:10.1101/gad.1074403 
  18. Lim, Lee P.; Margaret E. (7 de março de 2003). «Vertebrate microRNA genes». Science (New York, N.Y.). 299 (5612). 1540 páginas. ISSN 1095-9203. PMID 12624257. doi:10.1126/science.1080372 
  19. Aravin, Alexei A.; Mariana (1 de agosto de 2003). «The small RNA profile during Drosophila melanogaster development». Developmental Cell. 5 (2): 337-350. ISSN 1534-5807. PMID 12919683 
  20. a b c d de França, Natália Regine; Danilo (1 de dezembro de 2010). «RNA interference: a new alternative for rheumatic diseases therapy». Revista Brasileira De Reumatologia. 50 (6): 695-702. ISSN 1809-4570. PMID 21243308 
  21. Ruby, J. Graham; Calvin (15 de dezembro de 2006). «Large-scale sequencing reveals 21U-RNAs and additional microRNAs and endogenous siRNAs in C. elegans». Cell. 127 (6): 1193-1207. ISSN 0092-8674. PMID 17174894. doi:10.1016/j.cell.2006.10.040 
  22. Landgraf, Pablo; Mirabela (29 de junho de 2007). «A mammalian microRNA expression atlas based on small RNA library sequencing». Cell. 129 (7): 1401-1414. ISSN 0092-8674. PMID 17604727. doi:10.1016/j.cell.2007.04.040 
  23. Ruby, J. Graham; Alexander (1 de dezembro de 2007). «Evolution, biogenesis, expression, and target predictions of a substantially expanded set of Drosophila microRNAs». Genome Research. 17 (12): 1850-1864. ISSN 1088-9051. PMID 17989254. doi:10.1101/gr.6597907 
  24. Rana, Tariq M. (1 de janeiro de 2007). «Illuminating the silence: understanding the structure and function of small RNAs». Nature Reviews. Molecular Cell Biology. 8 (1): 23-36. ISSN 1471-0072. PMID 17183358. doi:10.1038/nrm2085 
  25. Krol, Jacek; Krzysztof (1 de outubro de 2004). «Structural features of microRNA (miRNA) precursors and their relevance to miRNA biogenesis and small interfering RNA/short hairpin RNA design». The Journal of Biological Chemistry. 279 (40): 42230-42239. ISSN 0021-9258. PMID 15292246. doi:10.1074/jbc.M404931200 
  26. Okamura, Katsutomo; Wei-Jen (15 de setembro de 2008). «The long and short of inverted repeat genes in animals: microRNAs, mirtrons and hairpin RNAs». Cell Cycle (Georgetown, Tex.). 7 (18): 2840-2845. ISSN 1551-4005. PMID 18769156 
  27. Lin, Shuibin; Richard I. (1 de junho de 2015). «MicroRNA biogenesis pathways in cancer». Nature Reviews. Cancer. 15 (6): 321-333. ISSN 1474-1768. PMID 25998712. doi:10.1038/nrc3932 
  28. Alberts, Biologia molecular da célula (2010). Biologia molecular da célula. [S.l.: s.n.] 
  29. Lin, Shi-Lung; Donald (15 de agosto de 2005). «Asymmetry of intronic pre-miRNA structures in functional RISC assembly». Gene. 356: 32-38. ISSN 0378-1119. PMID 16005165. doi:10.1016/j.gene.2005.04.036 
  30. Jakymiw, Andrew; Kaleb M. (15 de abril de 2007). «The role of GW/P-bodies in RNA processing and silencing». Journal of Cell Science. 120 (Pt 8): 1317-1323. ISSN 0021-9533. PMID 17401112. doi:10.1242/jcs.03429 
  31. Jones-Rhoades, Matthew W.; David P. (1 de janeiro de 2006). «MicroRNAS and their regulatory roles in plants». Annual Review of Plant Biology. 57: 19-53. ISSN 1543-5008. PMID 16669754. doi:10.1146/annurev.arplant.57.032905.105218 
  32. Lelandais-Briere, Christine; Celine (1 de janeiro de 2010). «Small RNA Diversity in Plants and its Impact in Development». Current Genomics. 11 (1). PMID 20808519. doi:10.2174/138920210790217918 
  33. a b c d e Xiao, Changchun; Klaus (9 de janeiro de 2009). «MicroRNA control in the immune system: basic principles». Cell. 136 (1): 26-36. ISSN 1097-4172. PMID 19135886. doi:10.1016/j.cell.2008.12.027 
  34. Ullu, Elisabetta; Christian (1 de junho de 2004). «RNA interference in protozoan parasites». Cellular Microbiology. 6 (6): 509-519. ISSN 1462-5814. PMID 15104593. doi:10.1111/j.1462-5822.2004.00399.x 
  35. a b Carthew, Richard W.; Erik J. (20 de fevereiro de 2009). «Origins and Mechanisms of miRNAs and siRNAs». Cell. 136 (4): 642-655. ISSN 1097-4172. PMID 19239886. doi:10.1016/j.cell.2009.01.035 
  36. Volpe, Thomas A.; Catherine (13 de setembro de 2002). «Regulation of heterochromatic silencing and histone H3 lysine-9 methylation by RNAi». Science (New York, N.Y.). 297 (5588): 1833-1837. ISSN 1095-9203. PMID 12193640. doi:10.1126/science.1074973 
  37. Avraham, Roi; Aldema (1 de janeiro de 2010). «EGF decreases the abundance of microRNAs that restrain oncogenic transcription factors». Science Signaling. 3 (124): ra43. ISSN 1937-9145. PMID 20516477. doi:10.1126/scisignal.2000876 
  38. Bueno, María J.; Marta (9 de junho de 2011). «Combinatorial effects of microRNAs to suppress the Myc oncogenic pathway». Blood. 117 (23): 6255-6266. ISSN 1528-0020. PMID 21478429. doi:10.1182/blood-2010-10-315432 
  39. a b Malumbres, Marcos (1 de janeiro de 2012). «miRNAs versus oncogenes: the power of social networking». Molecular Systems Biology. 8. 569 páginas. ISSN 1744-4292. PMID 22333973. doi:10.1038/msb.2012.2 
  40. a b Uhlmann, Stefan; Heiko (1 de janeiro de 2012). «Global microRNA level regulation of EGFR-driven cell-cycle protein network in breast cancer». Molecular Systems Biology. 8. 570 páginas. ISSN 1744-4292. PMID 22333974. doi:10.1038/msb.2011.100 
  41. Chen, Chang-Zheng; Ling (2 de janeiro de 2004). «MicroRNAs modulate hematopoietic lineage differentiation». Science (New York, N.Y.). 303 (5654): 83-86. ISSN 1095-9203. PMID 14657504. doi:10.1126/science.1091903 
  42. Cobb, Bradley S.; Arnulf (30 de outubro de 2006). «A role for Dicer in immune regulation». The Journal of Experimental Medicine. 203 (11): 2519-2527. ISSN 0022-1007. PMID 17060477. doi:10.1084/jem.20061692 
  43. Chong, Mark M. W.; Jeffrey P. (1 de setembro de 2008). «The RNAseIII enzyme Drosha is critical in T cells for preventing lethal inflammatory disease». The Journal of Experimental Medicine. 205 (9): 2005-2017. ISSN 1540-9538. PMID 18725527. doi:10.1084/jem.20081219 
  44. Liston, Adrian; Li-Fan (1 de setembro de 2008). «Dicer-dependent microRNA pathway safeguards regulatory T cell function». The Journal of Experimental Medicine. 205 (9): 1993-2004. ISSN 1540-9538. PMID 18725526. doi:10.1084/jem.20081062 
  45. Zhou, Xuyu; Lukas T. (1 de setembro de 2008). «Selective miRNA disruption in T reg cells leads to uncontrolled autoimmunity». The Journal of Experimental Medicine. 205 (9): 1983-1991. ISSN 1540-9538. PMID 18725525. doi:10.1084/jem.20080707 
  46. Taganov, Konstantin D.; Mark P. (15 de agosto de 2006). «NF-kappaB-dependent induction of microRNA miR-146, an inhibitor targeted to signaling proteins of innate immune responses». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 103 (33): 12481-12486. ISSN 0027-8424. PMID 16885212. doi:10.1073/pnas.0605298103 
  47. O'Connell, Ryan M.; Konstantin D. (30 de janeiro de 2007). «MicroRNA-155 is induced during the macrophage inflammatory response». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 104 (5): 1604-1609. ISSN 0027-8424. PMID 17242365. doi:10.1073/pnas.0610731104 
  48. Li, Qi-Jing; Jacqueline (6 de abril de 2007). «miR-181a is an intrinsic modulator of T cell sensitivity and selection». Cell. 129 (1): 147-161. ISSN 0092-8674. PMID 17382377. doi:10.1016/j.cell.2007.03.008 
  49. de Yébenes, Virginia G.; Laura (29 de setembro de 2008). «miR-181b negatively regulates activation-induced cytidine deaminase in B cells». The Journal of Experimental Medicine. 205 (10): 2199-2206. ISSN 1540-9538. PMID 18762567. doi:10.1084/jem.20080579 
  50. Johnnidis, Jonathan B.; Marian H. (28 de fevereiro de 2008). «Regulation of progenitor cell proliferation and granulocyte function by microRNA-223». Nature. 451 (7182): 1125-1129. ISSN 1476-4687. PMID 18278031. doi:10.1038/nature06607 
  51. Xiao, Changchun; Dinis Pedro (5 de outubro de 2007). «MiR-150 controls B cell differentiation by targeting the transcription factor c-Myb». Cell. 131 (1): 146-159. ISSN 0092-8674. PMID 17923094. doi:10.1016/j.cell.2007.07.021 
  52. Scaria, Vinod; Manoj (1 de janeiro de 2006). «Host-virus interaction: a new role for microRNAs». Retrovirology. 3. 68 páginas. ISSN 1742-4690. PMID 17032463. doi:10.1186/1742-4690-3-68 
  53. Stern-Ginossar, Noam; Naama (20 de julho de 2007). «Host immune system gene targeting by a viral miRNA». Science (New York, N.Y.). 317 (5836): 376-381. ISSN 1095-9203. PMID 17641203. doi:10.1126/science.1140956 
  54. Sullivan, Christopher S.; Adam T. (2 de junho de 2005). «SV40-encoded microRNAs regulate viral gene expression and reduce susceptibility to cytotoxic T cells». Nature. 435 (7042): 682-686. ISSN 1476-4687. PMID 15931223. doi:10.1038/nature03576 
  55. Umbach, Jennifer Lin; Martha F. (7 de agosto de 2008). «MicroRNAs expressed by herpes simplex virus 1 during latent infection regulate viral mRNAs». Nature. 454 (7205): 780-783. ISSN 1476-4687. PMID 18596690. doi:10.1038/nature07103 
  56. Lecellier, Charles-Henri; Patrice (22 de abril de 2005). «A cellular microRNA mediates antiviral defense in human cells». Science (New York, N.Y.). 308 (5721): 557-560. ISSN 1095-9203. PMID 15845854. doi:10.1126/science.1108784 
  57. Manjunath, N (maio de 2010). «RNA Interference and Viruses: Current Innovations and Future Trends». Expert Review of Vaccines (em inglês) (5): 471–473. ISSN 1476-0584. doi:10.1586/erv.10.33 
  58. Gupta, Archana; Gokul (1 de novembro de 2012). «MicroRNAs, hepatitis C virus, and HCV/HIV-1 co-infection: new insights in pathogenesis and therapy». Viruses. 4 (11): 2485-2513. ISSN 1999-4915. PMID 23202492. doi:10.3390/v4112485 
  59. Jopling, Catherine (1 de fevereiro de 2012). «Liver-specific microRNA-122: Biogenesis and function». RNA biology. 9 (2): 137-142. ISSN 1555-8584. PMID 22258222. doi:10.4161/rna.18827 
  60. Janssen, Harry L. A.; Hendrik W. (2 de maio de 2013). «Treatment of HCV infection by targeting microRNA». The New England Journal of Medicine. 368 (18): 1685-1694. ISSN 1533-4406. PMID 23534542. doi:10.1056/NEJMoa1209026 
  61. Sun, Haipeng; Yibin (4 de fevereiro de 2011). «Restriction of big hearts by a small RNA». Circulation Research. 108 (3): 274-276. ISSN 1524-4571. PMID 21293005. doi:10.1161/CIRCRESAHA.110.239426 
  62. van Rooij, Eva; William S. (24 de outubro de 2008). «Toward microRNA-based therapeutics for heart disease: the sense in antisense». Circulation Research. 103 (9): 919-928. ISSN 1524-4571. PMID 18948630. doi:10.1161/CIRCRESAHA.108.183426 
  63. Kukreja, Rakesh C.; Chang (1 de outubro de 2011). «MicroRNAs: new players in cardiac injury and protection». Molecular Pharmacology. 80 (4): 558-564. ISSN 1521-0111. PMID 21737570. doi:10.1124/mol.111.073528 
  64. Das, Samarjit; Marcella (8 de junho de 2012). «Nuclear miRNA regulates the mitochondrial genome in the heart». Circulation Research. 110 (12): 1596-1603. ISSN 1524-4571. PMID 22518031. doi:10.1161/CIRCRESAHA.112.267732 
  65. Zou, Heng; Li, Yanli; Liu, Xiaomin; Wu, Zong; Li, Jingjing; Ma, Zhongliang (março de 2021). «Roles of plant-derived bioactive compounds and related microRNAs in cancer therapy». Phytotherapy research: PTR (3): 1176–1186. ISSN 1099-1573. doi:10.1002/ptr.6883. Consultado em 10 de novembro de 2021 
  66. Bonneau, E.; Neveu, B.; Kostantin, E.; Tsongalis, G.J.; De Guire, V. (24 de junho de 2019). «How close are miRNAs from clinical practice? A perspective on the diagnostic and therapeutic market». EJIFCC (2): 114–127. ISSN 1650-3414. PMC 6599191Acessível livremente. PMID 31263388. Consultado em 27 de abril de 2021 
  67. Romano, Giulia; Acunzo, Mario; Nana-Sinkam, Patrick (26 de março de 2021). «microRNAs as Novel Therapeutics in Cancer». Cancers (7). ISSN 2072-6694. doi:10.3390/cancers13071526. Consultado em 27 de abril de 2021 
  68. Scott, Lesley J.; Keam, Susan J. (1 de fevereiro de 2021). «Lumasiran: First Approval». Nature. Drugs (em inglês) (2): 277–282. ISSN 1179-1950. doi:10.1007/s40265-020-01463-0. Consultado em 28 de abril de 2021 
  69. a b c d van Rooij, Eva; Eric N. (1 de novembro de 2012). «MicroRNA therapeutics for cardiovascular disease: opportunities and obstacles». Nature Reviews. Drug Discovery. 11 (11): 860-872. ISSN 1474-1784. PMID 23080337. doi:10.1038/nrd3864 
  70. Davidson, Beverly L.; Paul B. (1 de maio de 2011). «Current prospects for RNA interference-based therapies». Nature Reviews. Genetics. 12 (5): 329-340. ISSN 1471-0064. PMID 21499294. doi:10.1038/nrg2968 
  71. Chen, Xi; Yi (1 de outubro de 2008). «Characterization of microRNAs in serum: a novel class of biomarkers for diagnosis of cancer and other diseases». Cell Research. 18 (10): 997-1006. ISSN 1748-7838. PMID 18766170. doi:10.1038/cr.2008.282 
  72. Ebert, Margaret S.; Phillip A. (1 de novembro de 2010). «MicroRNA sponges: progress and possibilities». RNA (New York, N.Y.). 16 (11): 2043-2050. ISSN 1469-9001. PMID 20855538. doi:10.1261/rna.2414110 
  73. Gantier, Michael P.; Bryan R. G. (1 de dezembro de 2007). «The response of mammalian cells to double-stranded RNA». Cytokine & Growth Factor Reviews. 18 (5-6): 363-371. ISSN 1359-6101. PMID 17698400. doi:10.1016/j.cytogfr.2007.06.016 
  74. a b Lam, Jenny K. W.; Michael Y. T. (1 de janeiro de 2015). «siRNA Versus miRNA as Therapeutics for Gene Silencing». Molecular Therapy. Nucleic Acids. 4: e252. ISSN 2162-2531. PMID 26372022. doi:10.1038/mtna.2015.23 
  75. Ozcan, Gulnihal; Bulent (29 de junho de 2015). «Preclinical and clinical development of siRNA-based therapeutics». Advanced Drug Delivery Reviews. 87: 108-119. ISSN 1872-8294. PMID 25666164. doi:10.1016/j.addr.2015.01.007 
  76. Elton, Terry S.; Helina (10 de dezembro de 2013). «Regulation of the MIR155 host gene in physiological and pathological processes». Gene. 532 (1): 1-12. ISSN 1879-0038. PMID 23246696. doi:10.1016/j.gene.2012.12.009 
  77. Bader, Andreas G. (1 de janeiro de 2012). «miR-34 - a microRNA replacement therapy is headed to the clinic». Frontiers in Genetics. 3. 120 páginas. ISSN 1664-8021. PMID 22783274. doi:10.3389/fgene.2012.00120 
  78. Aqeilan, R. I.; G. A. (1 de fevereiro de 2010). «miR-15a and miR-16-1 in cancer: discovery, function and future perspectives». Cell Death and Differentiation. 17 (2): 215-220. ISSN 1476-5403. PMID 19498445. doi:10.1038/cdd.2009.69 
  79. van Rooij, Eva; Sakari (1 de julho de 2014). «Development of microRNA therapeutics is coming of age». EMBO molecular medicine. 6 (7): 851-864. ISSN 1757-4684. PMID 24935956. doi:10.15252/emmm.201100899