Saltar para o conteúdo

Paul Singer

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Paul Singer
Paul Singer
Paul Singer na Conferência Nacional de Economia Solidária, 2010
Nascimento 24 de março de 1932
Viena, Áustria
Morte 16 de abril de 2018 (86 anos)
São Paulo, São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Cônjuge
  • Evelyne Helene Ines Pape
  • Melanie Berezovsky Singer
Filho(a)(s) André Singer, Suzana Singer e Helena Singer
Alma mater
Ocupação Economista e professor
Distinções
Empregador(a) Universidade de São Paulo

Paul Singer ou Paul Israel Singer (Viena, 24 de março de 1932São Paulo, 16 de abril de 2018) foi um economista, professor e escritor brasileiro nascido na Áustria.[1][2]

Paul Singer nasceu numa família de pequenos comerciantes judeus, estabelecidos em Erlaa, subúrbio operário de Viena. Em 1938 a Áustria foi anexada à Alemanha, e a perseguição aos judeus se intensificou.[3] A família decidiu emigrar e, em 1940, radicou-se no Brasil, onde já tinha alguns parentes, estabelecidos em São Paulo. Em 1948 se encontrava no movimento de cunho kibutziano Dror (atual Habonim Dror). Em 1951 Singer formou-se em eletrotécnica no ensino médio da Escola Técnica Getúlio Vargas de São Paulo, exercendo a profissão entre 1952 e 1956. Nesse período, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, militando no movimento sindical. Como trabalhador metalúrgico, liderou a histórica greve dos 300 mil, que paralisou a indústria paulistana por mais de um mês, em 1953.[3][4][5]

Obteve a nacionalidade brasileira em 1954.

Posteriormente, estudou economia na Universidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que desenvolvia atividade político-partidária, no PSB. Graduado em 1959, no mesmo ano participou da fundação da Polop, organização política constituída por membros da ala esquerda do PSB.

Em 1960, inicia sua atividade docente na USP, como professor assistente. Em 1966, obteve o grau de doutor em Sociologia com um estudo sobre desenvolvimento econômico e seus desdobramentos territoriais, abordando cinco cidades brasileiras – São Paulo, Belo Horizonte, Blumenau, Porto Alegre e Recife - na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. A tese deu origem ao livro Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana, sob orientação do professor Florestan Fernandes.

Também era professor-titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade da mesma universidade.

Entre 1966 e 1967 estudou demografia na Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Em 1968 apresentou sua tese de livre-docência, Dinâmica populacional e Desenvolvimento. Nesse mesmo ano, retoma suas atividades como professor da USP até ter seus direitos políticos cassados pelo AI-5 e ser aposentado compulsoriamente, em razão de suas atividades políticas, em 1969.

Nesse mesmo ano, com vários outros pesquisadores e professores expulsos da universidade ou simplesmente discordantes do regime, como Celso Lafer, Eunice Ribeiro Durham, Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Giannotti, Ruth Corrêa Leite Cardoso, Carmen Sylvia Junqueira, Paulo Sandroni, participa da fundação do CEBRAP - Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, que se constituiu em importante núcleo da intelligentsia brasileira de oposição à ditadura militar, então vigente no país.[6] Atuou no Cebrap até 1988, antes de ser nomeado Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo.

A partir de 1979 voltou à atividade docente, como professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde permanece por quatro anos, tendo sido chefe do Departamento de Economia e membro do Conselho Universitário.

Em 1980 ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, ao lado de outros intelectuais historicamente ligados à esquerda, como Francisco Weffort, Plínio de Arruda Sampaio, Perseu Abramo, Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Holanda, Chico de Oliveira e Vinícius Caldeira Brant.

No ano seguinte, em 1981, integrou a 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pela PT, antecessora da Fundação Perseu Abramo.

Em 1989 foi convidado pela então prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, a assumir a Secretaria de Planejamento do município, ocupando o posto durante todo o seu mandato, que terminou em 1992.

Trabalhando recentemente com o tema da economia solidária, o professor Singer ajudou a criar a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP em 1998, quando foi convidado pela CECAE a assumir o cargo de coordenador acadêmico da incubadora. A partir de junho de 2003, Singer passa a ser o titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), que implementou, a partir de junho de 2003, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em 13 de março de 2009 foi condecorado com a Grande Ordem do Mérito da República da Áustria, em cerimônia realizada na residência do Cônsul Geral da Áustria, em São Paulo.

Viúvo da socióloga Melanie Berezovsky Singer (1932-2012), era pai do cientista político André Singer (filho do primeiro casamento, com a linguista Eveline Elene Pape[7]), da jornalista Suzana Singer e da socióloga Helena Singer (do segundo casamento, com Melanie).[8][9]

Paul Singer morreu em São Paulo, em 16 de abril de 2018.[10][11]

Economia solidária

[editar | editar código-fonte]

Seus últimos estudos foram sobre Economia Solidária e projetos voltados ao desenvolvimento local.

Em 2011, trabalhando com o governo federal, como Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, Singer apresentou suas ideias a respeito dos bancos comunitários.[12] Singer acreditava que esses bancos são instrumentos para a erradicação da miséria.

Principais livros publicados

[editar | editar código-fonte]
  • Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002.
  • Para entender o mundo financeiro. São Paulo: Contexto, 2000.
  • O Brasil na crise: perigos e oportunidades. São Paulo: Contexto, 1999. 128 p.
  • Globalização e Desemprego: diagnósticos e alternativas. São Paulo: Contexto, 1998.
  • Uma Utopia Militante. Repensando o socialismo. Petrópolis: Vozes, 1998. 182 p.
  • Social exclusion in Brazil. Geneva: Internacional Institute for Labour Studies, 1997. 32 p.
  • São Paulo's Master Plan, 1989-1992: the politics of urban space. Washington, D.C.: Woodrow Wilson International Center for Scholars, 1993.
  • O que é Economia. São Paulo: Brasiliense, 1998.
  • São Paulo: trabalhar e viver. São Paulo: Brasiliense, 1989. Em co-autoria com BRANT, V. C.
  • O Capitalismo - sua evolução, sua lógica e sua dinâmica. São Paulo: Moderna, 1987.
  • Repartição de Renda - ricos e pobres sob o regime militar. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
  • A formação da classe operária. São Paulo: Atual, 1985.
  • Aprender Economia. São Paulo: Brasiliense, 1983.
  • Dominação e desigualdade: estrutura de classes e repartição de renda no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
  • SINGER, P. I. (Org.); BRANT, V. C. (Org.) . São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • Guia da inflação para o povo. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • O que é socialismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • Economia Política do Trabalho. São Paulo: Hucitec, 1977.
  • A Crise do Milagre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
  • Curso de Introdução à Economia Política. Rio de Janeiro: Forense, 1975.
  • Economia Política da Urbanização. São Paulo: Brasiliense, 1973.
  • A cidade e o campo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1972. Em co-autoria com CARDOSO, F. H.
  • Dinâmica Populacional e Desenvolvimento. São Paulo: Hucitec, 1970.
  • Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana. São Paulo: Editora Nacional, 1969.
  • Desenvolvimento e Crise. São Paulo: Difusão Européia, 1968.

Referências

  1. Araujo, Pedro Zambarda de. «Economista Paul Singer, fundador do PT, morre aos 86 anos». Diário do Centro do Mundo 
  2. «Morre, aos 86, Paul Singer, economista e fundador do PT». Folha de S.Paulo. 16 de abril de 2018 
  3. a b «Paul Singer». Teoria e Debate. 10 de abril de 2005. Consultado em 27 de maio de 2024 
  4. MANTEGA, Guido e REGO, José Márcio. Conversas com economistas brasileiros II. São Paulo: editora 34, 1999.
  5. «GREVE dos 300 mil foi escola de sindicalismo». Folha de S.Paulo. 6 de janeiro de 204. Consultado em 27 de maio de 2024  Verifique data em: |data= (ajuda)
  6. «Cebrap: 40 anos de análise da realidade brasileira» (PDF). Consultado em 28 de maio de 2012. Arquivado do original (PDF) em 10 de julho de 2012 
  7. “Paul Singer: uma vida por outra economia”. Por Aline Mendonça. paulsinger.com.br
  8. Morre em SP Melanie Singer, mulher de Paul Singer[ligação inativa], por Solange Spigliatti]. Estadão, 12 de janeiro de 2012.
  9. Melanie Berezovsky Singer (1932-2012) - Socióloga apaixonada por crianças e cães. Por Estêvão Bertoni. Folha de S. Paulo, 13 de janeiro de 2012.
  10. Pilagallo, Oscar (16 de Abril de 2018). «Morre, aos 86, Paul Singer, economista e fundador do PT». Folha de S. Paulo. Consultado em 17 de Abril de 2018 
  11. «Morre o economista Paul Singer, um dos fundadores do PT». Portal G1. 16 de Abril de 2018. Consultado em 17 de Abril de 2018 
  12. Banco comunitário incentiva produção e consumo de bens na própria comunidade[ligação inativa]

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Paul Singer
Ícone de esboço Este artigo sobre um(a) economista é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.