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Teodomiro (rei ostrogótico)

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 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Teodomiro.
Teodomiro
Rei ostrogótico
Reinado 451474/475
Antecessor(a) Videmiro
Sucessor(a) Teodorico, o Grande
Morte 474/475
Cônjuge Erelieva
Descendência Teodorico, o Grande
Teodimundo
Amalafrida
Dinastia dos Amalos
Pai Vandalário

Teodomiro (em latim: Theodemir) ou Tiudimiro (Thiudimir) foi, segundo Jordanes, um líder ostrogodo da dinastia dos Amalos, que reinou ao lado de seus irmãos Videmiro e Valamiro. Em 451, participou com seus parentes ao lado de Átila, o Huno (r. 434–453) na decisiva batalha dos Campos Cataláunicos e em 454 derrotou seus suseranos na batalha de Nedao. Assentou-se com sua família na Panônia sob autorização do imperador bizantino Marciano (r. 450–457) e ali dividiu o domínio sobre os ostrogodos com seus irmãos.

Nos anos seguintes entrou em conflito com o Império Bizantino e derrotou um grupo de suevos invasores liderados por Hunimundo. Em 465, confrontou uma invasão escira e foi aclamado rei com a morte de Valamiro. Por 469, um exército coligado de bárbaros e bizantinos atacou os ostrogodos da panônia e Teodomiro saiu-se vitorioso. Em 473, ele invadiu os domínios bizantinos ao lado de seu filho, o futuro Teodorico, o Grande (r. 474–526), e faleceu no ano seguinte.

Soldo do imperador Marciano (r. 450–457)

Teodomiro era um ariano filho do Amal Vandalário, um nobre filho do rei Vinitário (r. 375–376), e irmão dos nobres Videmiro e Valamiro. Teve com sua esposa católica Erelieva[1] uma filha chamada Amalafrida, que casar-se-ia com o rei vândalo Trasamundo (r. 496–523), e dois filhos chamados Teodimundo e Teodorico (o futuro Teodorico, o Grande (r. 474–526)). Em 451, liderou ao lado de seus irmãos os contingentes góticos do exército de Átila, o Huno (r. 434–453) durante a batalha dos Campos Cataláunicos,[2] e em 454, com a morte de Átila, confrontou com sucesso os hunos na batalha de Nedao.[3]

No mesmo ano assentou-se com seus parentes na Panônia sob autorização do imperador bizantino Marciano (r. 450–457), onde organizou o Reino Ostrogótico da Panônia em três distritos, cada qual controlado por um dos irmãos, porém somente Valamiro era o detentor do título régio; Teodomiro manteve controle dos godos do lago Balaton, o que para Herwig Wolfram corresponderia o centro-sul de Somogy e o nordeste da Croácia.[4] Entre 459 e 461/462, Teodomiro participou dos conflitos com os bizantinos sobre o não-pagamento do subsídio anual para os godos e com a conclusão das hostilidades em 461/462, seu filho Teodorico foi enviado para Constantinopla como refém. Mais adiante, Teodomiro confrontou um grupo de suevos invasores e capturou o rei deles Hunimundo, que foi adotado segundo o estilo germânico e libertado.[5] Apesar disso, após sua libertação, Hunimundo incitou uma ataque esciro contra os godos ca. 465, custando a vida de Valamiro.[2]

Soldo do imperador Leão I, o Trácio (r. 457–474)
Soldo de Glicério (r. 473–474)

Com a morte de Valamiro, Teodomiro foi aclamado rei.[2] Para consolidar seu poder, teve que enfrentar um exército bárbaro coligado (esciros, rúgios, gépidas, etc.) liderado pelos reis Hunimundo, Alarico, Beuca, Babas, Edecão e Hunulfo e apoiado por tropas bizantinas de Leão I, o Trácio (r. 457–474), que preferiu apoiar os rivais de Teodomiro devido a sua rixa com o oficial cortesão Áspar. Uma grande batalha ocorreu ca. 469/470, na qual os godos venceram e conseguiram estabelecer sua predominância no curso médio do Danúbio;[6] para Hyun Jin Kim, contudo, é plausível que os ostrogodos tenha perdido essa batalha.[7] Em resposta ao ataque, Teodomiro organizou uma expedição contra os suevos e seus aliados alamanos, conseguindo uma importante vitória.[2]

Ca. 472, Teodorico foi devolvido a seu pai.[2] Em 473, talvez devido a carência de recursos, Teodomiro enviou seu irmão Videmiro numa expedição contra a Itália do imperador romano ocidental Glicério (r. 473–474), enquanto ele dirigiu-se com seu filho para o Império Bizantino.[8] Ali, atacou a Prefeitura pretoriana da Ilíria e capturou Dirráquio[9] e Naísso, antes de prosseguir o avanço de Teodorico em direção a Tessalônica. Antes de atacar a cidade, negociou com o patrício Hilariano e uma trégua foi concluída, segundo a qual muitos ostrogodos seriam assentados em cidades da Macedônia, onde Cirro tornar-se-ia a nova capital do Estado federado de Teodomiro;[10] os autores da Prosopografia do Império Romano Tardio suspeitam que essa negociação relatada por Jordanes seja uma confusão com a embaixada de 479 enviada para Teodorico. No ano seguinte, Teodomiro adoeceu e veio a falecer.[11]

Precedido por
Valamiro
Rei ostrogótico
465—474
Sucedido por
Teodorico, o Grande

Referências

  1. Kaylor 2012, p. 10.
  2. a b c d e Martindale 1980, p. 1069.
  3. Wolfram 1990, p. 258.
  4. Wolfram 1990, p. 261.
  5. Christensen 2002, p. 150.
  6. Bury 2012, p. 412.
  7. Kim 2013, p. 120.
  8. Martindale 1980, p. 1069-1070.
  9. Previté-Orton 1975, p. 108.
  10. Wolfram 1990, p. 269-270.
  11. Martindale 1980, p. 1070.
  • Bury, J. B. (2012). History of the Later Roman Empire. 1. North Chelmsford, Massachusetts: Courier Corporation. ISBN 0486143384 
  • Christensen, Arne Søby (2002). Cassiodorus, Jordanes and the History of the Goths: Studies in a Migration Myth. Copenhague: Museum Tusculanum Press. ISBN 8772897104 
  • Kaylor, Noel Harold; Phillips, Philip Edward (2012). A Companion to Boethius in the Middle Ages. Leida: Brill. ISBN 900418354X 
  • Kim, Hyun Jin (2013). The Huns, Rome and the Birth of Europe. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 1107067227 
  • Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • Previté-Orton, C. W. (1975). Cambridge Medieval History, Shorter: Volume 1, The Later Roman Empire to the Twelfth Century. Cambrígia: Arquivo da Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0521099765 
  • Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Los Angeles, Londres e Berkeley: University of California Press. ISBN 9780520069831